14.7.08

75º - Ken com ferro fere.

O passatempo predileto deles era despir as bonecas. Uma coleção de 23 Barbies; 18 loiras, 1 oriental, 1 negra, 3 morenas e 1 Ken.

Ele tinha uns 8 anos, ela 10, e já se achava a dona de casa. Precoce, já namorava, em sua imaginação, com o Ken. Se encontravam todos os dias, logo após voltarem da escolinha com a mãe, e se sentavam perto da televisão, no tapete da sala para mais um dia com as bonecas.

Criavam diálogos, situações, dramas... Mas o barato mesmo era brincar de moda e trocar as roupas. Cada dia um desfile diferente, combinações inusitadas assinadas pelo estilista Ken, boneco exclusivo dela, mas cobiçado por ele.

As horas passavam e a concentração dos dois era 100% dos brinquedos, apenas uma coisa tirava deles o foco. Quando a noite começava, papai chegava do trabalho e após o jantar se juntava com a mãe para assitir a novela, Meu Bem, Meu Mal.

A abertura da novela fazia com que largassem as bonecas - do modo que estavam, peladas ou não - e sem piscar acompanhavam do início ao fim. As vezes até sussurravam a música, mas sempre, invariavelmente, se assustavam quando o vidro de perfume ou o lustre estourava, uma excitação diferente a cada susto, o clímax. E logo após voltavam toda a atenção aos brinquedos, pois a trama em si de nada interessava.

Desde que a novela começou, por causa do susto, os pais começaram a perceber que o menino largara os carrinhos definitivamente para se dedicar ao vestuário das bonecas. O que parecia normal no começo, após o trigésimo capítulo da novela começou a ficar preocupante. Agora os carrinhos estavam ganhando poeira e com as baterias arriadas pela falta de uso. Por que ele se interessava tanto por bonecas? Mas como os filhos se davam super bem, não havia por que interferir numa brincadeira aparentemente saudável.

Mas a cobiça do menino por Ken era sua revolta contida, às vezes até se desentendia com a irmã, brigava, mas baixinho. A atenção dos pais estava voltada para a tela e não para seu problema. Mesmo na hora de dormir a mãe não percebia sua feição enfezada. Ele queria mais do que tudo trocar as roupas do Ken, conhecer suas formas, seu corpo. A irmã, como namorada oficial do estilista de brinquedo e já assumindo a possessividade feminina, monopolizava.

Certo dia, não controlou mais a ansiedade. Foi mais forte que ele. Bastou um descuido para conseguir pegar o tão desejado boneco que, apenas para ele, se destacava no meio de bonecas tão lindas.

Só que durou pouco. Logo recebeu um puxão de cabelo que, de tão forte, fez largar facilmente Ken de volta na mão da irmã, e desabou no choro. Esperneou até chamar a atenção dos pais que correram preocupados ao seu encontro. Gritava chorando que queria o Ken, não via mais graça nas outras bonecas, era o Ken que ele desejava. Os pais se entreolharam preocupados, era uma coisa largar os carrinhos pra trocar as roupas das bonecas, mas querer o boneco?

Foi repreendido pelos pais que lhe ofereceram os carrinhos de volta e alguns bonecos soldados, mas ele já não via sentido naquilo. Se isolou, passou a viver em seu mundinho. Não falou mais com a irmã, magoado.

No outro dia, não sentou mais próximo da irmã para brincar com as Barbies. Ficou de costas, do outro lado da sala, meio curvado como quem esconde algo. Olhou apenas quando a abertura da novela começou.


Ela não suportou tal descaso e perguntou o que ele fazia e com o que brincava, já que seus carrinhos continuavam intocados. Mas não conseguiu descobrir, aparentemente ele brincava de mãos vazias.

Nos 3 dias que se seguiram, preocupada com a mudança de comportamento dele, ela tentou de todas as formas descobrir o que entretia agora o irmão aborrecido e para isso, abandonou as bonecas, deixando até Ken de lado e sem namorada.

Até que no outro dia, após a escola, ela voltou para as bonecas e ele ficou em seu quarto. Mais tarde, Papai e mamãe estavam no sofá, a abertura da novela começou quando ele chegou na sala, com as calças pelo joelho, mãos ocupadas. Todos olharam para ele e então a irmã perguntou, curiosa:

- O que você está fazendo!? É este seu novo brinquedo!? O que é isso!!?

E ele respondeu:

- Meu beeeeem, é meu Keeeeen, meu paaaaaauuuuu...

11.6.08

74º - hoje é um novo dia, de um novo membro...

Esses dias eu estava com uma coceira no braço que não passava. Esfregava os dedos com força, mas não adiantava. Daí tentei coçar com a unha e percebi que não fazia diferença alguma, já que vivo arrancando-as com os dentes.Então pensei, "para que me servem as unhas, senão para aliviar minha ansiedade?". Método que abomino por inúmeras razões, mas não me livro nem com esmalte de gosto amargo. Melhor seria se eu simplesmente não as tivesse, assim não seria um viciado.

Afinal de contas, por que o homem tem unha? Quando eu digo homem, é no sentido heterosexual da palavra.
Unhas não servem pra muitas coisas. Talvez para ajudar a abrir uma latinha de cerveja, espremer um cravo, tirar a parte de trás de uma figurinha do álbum da copa do mundo, arrancar casquinha de machucado, tira craca do nariz, descolar a ponta do durex...difícil lembrar de mais coisas...
E essas utilidades que eu lembrei, não necessariamente precisam da unha, até ajuda, mas sem ela não faria muita diferença.

Entretanto já conheci uns caras que encontraram utilidade melhor para as unhas, em especial para a do dedinho. Invariavelmente nessas pessoas, a unha do mindinho sempre é maior que a do resto dos dedos. Às vezes até de outra cor, preta, azul...

Veja só os cobradores de ônibus e os taxistas, eles têm a unha assim e dizem que usam para contar as notas. Já vi alguns até limpando os cantinhos da pulseira do relógio com a pontinha, que sempre é bem aparada pela lixa do inseparável cortador. Tem eletricista por aí que usa pra separar aqueles fios fininhos uns dos outros, vai entender.

Um porteiro do prédio onde moro tinha a unha assim e dizia que era para dedilhar o violão. Um bom motivo para conservá-las grande, admito. E o motivo para deixá-la preta era o charme, o estilo.Esses artistas do norte tem estilo mesmo, pelo menos todos que eu conheci trabalhando por lá. Se me lembro bem o refrão da música que ele tocava lá na Rádio Atual era:
"Ei, pega rapaix, as mina aqui da cidade já não satisfaix".

Engraçado que um outro porteiro também cultivava esse gadanho no dedinho, e dizia que era para coçar a orelha.Então perguntávamos exaustivamente, eu e os outros moleques, por que ele tinha a unha daquele jeito, e já sem paciência ele respondia:
"É pra coçar o cu, cacete! Vem aqui vem, que vou coçar o cu de vocês..." - E saíamos correndo.

Bom, o fato é que meu corpo alimenta meu próprio vício. Cada dia que passa a unha está maior para ser arrancada. Sempre se regenerando e cultivando meu mau hábito.

E você sabe porque a unha regenera e outras partes do corpo não? Pois é, nem eu.Pense só, se as partes do corpo se regenerassem em 24 horas, assim, de um dia pro outro, igual rabo de lagartixa.Se as coisas fossem assim, o Lula teria dez dedos nas mãos. Roberto Carlos poderia dançar e correr pelo palco em seus shows. E o João do Pulo então? Esse teria sido ouro nas olimpíadas!

Outro lado positivo seria que as aulas com estilete nas escolas primárias não teria alerta vermelho de perigo, podendo até substituir a famosa guerrinha de giz por rinhas de estilete. Consigo até visualizar como a "brincadeira" começaria, num simples corte no braço do amigo para retalhações desregradas.Mas em contrapartida, Encaixotando Helena não teria razão de existir, o que seria uma mutilação na arte cinematográfica.

Imagine então você, amigo, chegando em casa nessa época, dia dos namorados, tua namorada linda e saltitante, radiante louca por uma merecida e caprichada rabiscada, mas você cabisbaixo, triste:
"O que aconteceu?" - pergunta assustada.
"Sabe o que é, amor? Não sei se conseguirei hoje. Meus amigos do trabalho me pregaram uma peça, uma pegadinha de mau gosto. Me desculpe, podemos deixar pra amanhã essa nossa festinha? Porque amanhã...amanhã estarei completo de novo"...



19.5.08

73º - Eu si fodo, tu si fodes, eles si fodem tumém...

Cara, é muito ruim quando as coisas dão errado. Quando você acha que aquele rodízio japonês não vai te fazer mal, e você fica 3 dias no banheiro; quando você acorda, olha o relógio, vira para o lado e pensa "só mais 5 minutinhos", e acorda duas horas atrasado; quando você vira à direita pra cortar caminho e vai parar em Itapecerica; quando eliminam uma luxuosa de algum reality show e ela não sai nua em nenhuma revista, ou pior, quando um ogro parlamentar pega uma patcha gostosa que depois vira capa da playboy; quando você acelera achando que vai passar no amarelo, passa a milhão no vermelho e tem um maldito tigre do CET bem naquela hora; quando você peida sozinho no elevador achando que não vai entrar ninguém e entra logo depois a mais luxuosa do prédio; quando você xinga um cara no trânsito, a caminho de uma entrevista de trabalho, e chega lá, o cara é o seu entrevistador; quando alguém grava o último capítulo da novela das seis em cima da sua fita de material "educativo"; enfim situações cotidianas de frustrações...

Mas, se as coisas dão errado para você e mais alguém, como quando você inocentemente pergunta à uma moça com problemas auditivos porque que ela fala desse jeito, e ela responde "que?" e você faz "prrrrrrrr", e as amigas dela gritam "ela não escuta!!", você fica extremamente sem graça, arruinando suas chances de conquista, bem como a de seus comparsas, tudo muda de figura.

O ruim é se dar mal sozinho, se tiver alguém junto, não tem problema, você sempre pode dizer "pelo menos eu estava com fulano quando o piano caiu sobre nós...". Se alguém te perguntar se você sente falta do seu braço esquerdo, que foi amputado por engano quando você foi operar a unha encravada e isso não tiver acontecido com mais nenhum conhecido seu, aí sim, você se fodeu.
Porém, se aconteceu a mesma coisa com algum amigo (na verdade, não precisa nem ser amigo, amigo, se for conhecido da galera já dá pro gasto), você fala, "imagina então o Zé, que era canhoto..."

Ou quando faltam 45 parcelas para você terminar de quitar o teu carro e você morre de vergonha de falar, daí no meio da roda de conhecidos outra pessoa lança que ainda faltam 70 pra quitar o dela, mesmo o carro dela sendo bem melhor que o teu, você dá aquela engasgadinha risonha...

Um exemplo clássico do "se-alguém-se-foder-junto-comigo-não-tem-problema", são as provas. Você está lá enrolando e procurando desculpas para não começar a estudar, surgem vontades irresistíveis de comer alguma coisa, de ver um filme, de procurar rostos no mármore do banheiro, de queimar formigas com uma lupa, de contar quantos azulejos foram necessários para cobrir a cozinha...

Aí você decide ligar pra algum amigo e perguntar o que que tem de estudar para a prova, o que é uma mera desculpa, pois você sabe muito bem o que vai cair, você quer apenas uma brecha para disparar a fatídica pergunta: "e aí, já estudou?" se o cara mandar um "nossa, nem abri o livro ainda" você vai delirar internamente e falar "então beleza, vou dar uma estudada e depois a gente se fala" e vai voltar imediatamente aos seus importantíssimos afazeres...

Mas, se o cara lançar um: "porra estudei pra caralho, não aguento mais" aí vai bater um certo desespero, afinal, são 8 da noite, a prova é as 7 da matina, você não sabe porra nenhuma e o risco de você se foder sozinho aumentou. Geralmente você vai ensaiar uma estudada, vai perceber que tinha muito mais coisa pra estudar do que você imaginava, vai lembrar que não pode fazer feio na frente daquela gatinha, colega de classe, que almeja xapiscar e o desespero vai aumentar...

Quando não mais que de repente você se lembra de um consolo: sua agenda telefônica, sim!!!
E daí vai começar a ligar para outros manos, até que alguém fale "nem abri o livro ainda".

11.3.08

72º - Clipe bom é clipe....pt.6

Recordar bons momentos do passado é uma coisa corriqueira na vida de todo mundo, mas reviver sucessos é para poucos. Vejam só Stallone, filmando sequências de filmes que fizeram sucesso no passado e repetem a dose hoje em dia.

Não quero entrar no mérito da qualidade dos filmes, mas o sucesso é fato. Se bem que particularmente gosto muito de todos eles.
Stallone é ídolo! E meu gosto não está em discussão agora.


Enfim, não foi apenas por Sylvester que a família Stallone despejou talento. Como se não bastasse um, sim, existe um irmão, Frank Stallone.

Ele participou de Rocky como um dos cantores de rua, que cantam 'Take You Back', de sua autoria, além de ser sparing de Sly.
É, devia apanhar horrores...


Mas com veias artísticas também, Frank protagonizou momentos grandiosos do cinema. Não atuando, em alguns filmes medianos que participou, mas criando trilhas para inúmeros filmes e musicais. Isto por que seu forte sempre foi a música.
E o clímax em sua carreira aconteceu quando ele criou uma das músicas tema para o filme 'Os Embalos de Sábado Continuam'. Sequência não tão bem sucedida do clássico 'Os Embalos de Sábado à Noite'.

O filme não alcançou o mesmo sucesso de seu predecessor, mas a música tema sim. Tão boa quanto 'Staying Alive' do Bee Gees.
'Os Embalos de Sábado Continuam' foi dirigido por Sylvester que apesar de ser todo bruto, mostrou delicadeza ao dirigir um bando de bailarinos liderados por John Travolta, no auge de sua forma física, como protagonista.

É, Travolta já foi fininho, e muito. Bailarino nato, besuntou o corpo em óleo e dançou desvairada e incansavelmente durante todo o filme. Já Frank, que não tem a boca torta, fez uma música eletrizante para suar, bem mais pesada e contagiante que o clássico 'disco' do Bee Gees. É claro, não estamos mais na década de setenta. E o melhor, essa não foi regravada pelo KLB, ainda...

'Far From Over' foi nomeada para o Globo de Ouro de melhor canção em 1984, mas o filme não acompanhou seu ritmo. Mesmo com a direção de Stallone que na época já era um vencedor de Oscar. Nem mesmo com a pequena ponta que ele fez trombando com Travolta na calçada, com um estilo glamuroso setentista que viria a se extingüir não muito tempo depois.

4.3.08

71º - queda de pelos?

Pô, acabei de voltar do banheiro...os caras aqui do trampo estão sofrendo de calvície peniana, não é possível!
Amigos, Grecin 2000 neles!!

28.2.08

70º - meio dia. repita! meio dia.

E essa mania de dizer tchau tchau, quem guenta?

Não é de muito tempo atrás que isso vem acontecendo, as pessoas conversam ao telefone e na hora de desligar dizem "tchau tchau", alguns até já abreviam a pronuncia num patético "tiatiao", assim todo junto.

É, e o bagulho vicia, ou melhor, contagia. No começo era só uma mulher que falava, todo santo dia em toda santa ligação. Depois foi o cara do lado e depois o cara do outro lado, passando pra mocinha da frente, pra menina na outra extremidade da sala...era o vírus se propagando pelo ar através das ondas sonoras.

Não demorou muito para o costume virar gozação. E a pândega era bem engraçada, até que o mano ao meu lado se contagiou, preocupante, o próximo seria eu.

Enfim, com esforço e rapidez me livrei do epidêmico vício, mas não de ouví-lo todos os dias em todos os lugares.

A coisa tá tão séria que se hoje você se despedir de alguém pelo telefone com um simples tchau, corre o risco de ser tachado de frio, grosso, estupido, bruto-porco-nojento.

Só falta agora incorporarem um hífen ao meio das palavras para virar um substantivo composto. Se bem que nem seria um, porque só existe um radical, é isso mesmo? Ah, sei lá!

Levantei algumas hipóteses sobre a origem disso, possíveis hospedeiros do vírus:

1- Acredito que uma pessoa estava no carro conversando ao celular enquanto no rádio tocava Changes do David Bowie. Na hora em que a música chegou no refrão calhou de ser a mesma da despedida, a pessoa gaguejou o refrão junto com o tchau e saiu "tchau-tchau".
(Já incorporei o hífen, para quem não percebeu)

Existia mais 3 pessoas no carro que automaticamente se contagiaram e mais 15 pessoas próximas ao indivíduo do outro lado da linha que, inevitavelmente, respondeu "tchau-tchau", e tudo começava a partir daí...

2- Acredito também que uma pessoa estava no carro conversando ao celular enquanto no rádio tocava 'Segure o Tchan' do É o Tchan. Na hora em que a música chegou no refrão calhou de ser a mesma da despedida, a pessoa gaguejou o refrão junto com o tchau e saiu "tchau-tchau". Existia mais 3 pessoas no carro que automaticamente se contagiaram e mais 15 pessoas próximas ao indivíduo do outro lado da linha que, inevitavelmente, respondeu "tchau-tchau", e tudo começava a partir daí...

3- Algum engraçadinho leu meu post sobre as traduções ao pé da letra e resolveu mudar a maneira de conversar com o mundo, começou a distribuir bye-byes por aí em Português.

4- Outra possível, mas principal suspeita, o hóspede do vírus é a Xuxa que em toda manhã ploriferava para as criancinhas, que encubaram o vírus durante uns 20 anos até que agora os primeiros sintomas começam a aflorar. É, dizer com exatidão que ela é a maior culpada pelo surgimento desse costume é muito difícl, mas é dessa forma que eu me despeço de vocês hoje pessoal: beijinho, beijinho e tchau-tchau!

8.2.08

69º - Can you dig it?!

É, finalmente chegou ao Brasil o CD de comemoração de 25 anos de Thriller. Acho ótimo que algo desse tipo seja comemorado, mas não dessa forma. Todo relançamento dele vem com clássicos em versões remixadas, à toa. Mas a criança é dele, ele pode querer pentear de novo, ele sabe tratar as crianças, tudo bem.

O problema mesmo, são as versões de alguns músicos negros e/ou brancos do cenário atual, isso definitivamente poderia ser deixado de lado. Essa trupe nova, todos eles colaboradores para o novo disco de Michael, não deveria perder o bom-senso e criar novas versões, pior ainda, colocar como faixas no CD.

Não digo que eles não sejam talentosos, acho que até são naquilo que fazem, mas perto da turma de artistas negros e/ou brancos que rodeavam Michael no ínicio de carreira solo, no way.

Sim, sou meio conservador, é claro...não dá pra comparar Kanye West com Stevie Wonder. Seria, sei lá, como comparar sushi com arroz doce. Veja bem, os dois são negros, mas o Stevie é cego, entende?

Will.I.Am faz The Girl is Mine agora, não é mais Paul McCartney.
O cara tira a
voz do Paul e coloca a dele, é piada. E esses caras não cantam, eu não entendo. Eles colocam uma batida dançante na música e depois ficam gemendo "iê, hã hã, ei", ou repetindo uma frase a música toda. Decorem essa frase, nem que eu tenha que repetí-la durante a música toda. Nesta, eu perdi a conta de quantas vezes o William diz "The Way I Rock". Chato!

Billy Jean vem com Kanye West, esse sim, só gemidos.

O
Akon com Wanna be Starting Something, pra começar já digo, estragou a melhor música do Michael, pelo menos é minha preferida. Aquela voz azeda... Essa é uma música que ficou pronta e não tem mais jeito. Quincy tocou, virou ouro, fim. Até o 'Ama ma se, Ma ma sa, Ma ma coo sa' já foi parar numa música da Rihanna, aquela do guarda-chuva. Assim não dá, assim não pode.

E a
Fergie então, deu uma palhinha em Beat it, uma das melhores músicas da história. Isso é crime. E outra, quem é Fergie? É uma
ex-pimp que agora faz música para adolescentes com uma bundassa numa calça de cetim, basta.

E ainda tem uma versão nova de
P.Y.T com Will.i.Am que só não me desanima completamente porque é outra música completamente diferente, tem o mesmo nome e algo da letra, mas num todo tem pouca proximidade com a orginial, que é genial! O que preocupa é que pode ser coisas desse tipo que encontraremos no novo álbum de inéditas, vale a pena pensar positivo.

Bom, já dá para saber o que esperar desse 'Michael Jackson 25º aniversário de Thriller'. O melhor de tudo é que isso não tira o brilho eterno da obra real.
Portanto, garanta a sua já.


17.1.08

68º - joguetes jocosos da maturidade

Existem umas brincadeiras que eu acho super engraçadas, mas com os outros, lógico. Umas brincadeiras geniais que eu deveria ter feito na infância para a adolescência, na mais tenra idade (1ª a 4ª série), mas não tinha maturidade suficiente. Na verdade, o fato da maturidade estar ligada diretamente com a idade prejudica muito, por que se não fosse por isso todos nós seríamos completos idiotas.

Minha cobaia para experimentos idiotas sempre foi minha mãe, Dona Maria, que com toda sua paciência, participa com esportividade. E não atoa é, por que uma coisa existente entre nós é que não perdemos a amizade de forma alguma, com amigos o risco é grande.

O charme dessas brincadeiras é a repetição, o que torna a brincadeira divertida apenas para quem não participa como vítima. Pois a repetição que gera a irritação. E o desafio é o de treinar a memória para que o mesmo paspalho não pregue outra peça em você, quando de repente a peça já está sendo pregada por outro. Cuidado.

Eu sempre tive apreço por essas brincadeiras tolas, a simplicidade que faz delas coisas tão engraçadas e voláteis. Elas vem e vão rapidamente e é no momento em que ela está um pouco sumida que você tem que trazê-la a tona novamente e pegar todo mundo desprevenido.

Entretanto, há muito tempo que eu faço a mesma brincadeira, o que cria vícios péssimos. Às vezes eu me pego fazendo até com meu próprio chefe, sem perceber. Não que ele se importe, mas todo dia é foda.

E foi assim que neste fim de ano, viajando com amigos, eu abusei da pirraça e da amizade. Repeti tantas vezes que no fim ninguém mais conseguia ter um diálogo de 3 frases.

A brincadeira não tem nome, mas é mais ou menos assim, a vítima vem despretensiosa e conta algum causo qualquer que aconteceu com ela:

- Então cara, ontem eu tava voltando pra casa, puta chuva, de repente o pneu furou. Tive de parar pra trocar no meio da rua, muito foda...

E daí você responde:

- Oi?

E por aí vai:

- Ontem cara, tava voltando pra casa, manja a chuva que deu? Tava tudo meio cheio, daí o pneu furou, tive que parar numa rua para trocar, e tava uma enxurrada perto da guia, fiquei todo molhado.

Nessa hora, você olha para a vítima com cara de quem não entendeu direito e diz:

- Oi?
- Mano, ontem, tava uma puta chuva. Daí eu tava na Zanzibar, manja? E parei pra trocar o pneu, puta enxurrada na guia, me molhei todo pra trocar, e faltava pouco pra chegar em casa, manja onde fica a Zanzibar?

Daí você abusa, tenta responder algo e...:

- Ãããããããã....oi?!
- Porra mano, se não tá me ouvindo? Repeti 3 vezes...
- Ããããã...oi?
- VTC!!!

E é nessa hora que você começa a rir e diz que estava brincando, mas que agora é sério, "sem zueira", pede para ela repetir novamente e é óbvio, tem a chance de pegá-la mais uma vez.

11.1.08

67º - deixe pra segunda o que não é da sexta

Então, como íamos dizendo, sábado às vezes aparece já na metade, você nem se deu conta e já é domingo. Aliás, domingo é um santo dia deprimente! Apesar de você não fazer nada, a medida em que o tempo vai passando, o Fantástico se aproximando, aquelas últimas horas de descanso se esvaindo por entre os dedos... uma sensação de cadeira virada em cima da mesa... Meu conselho é: chape o melão para esquecer e deprima-se apenas na segunda, o que já é intrinsecamente inevitável.

E falando em depressão, domingo só perde para segunda, que de tão ruim se chama de segunda. Pensem bem: se fosse bom chamaria Primeira, ou você vai dizer que açougues (carne de segunda), clubes esportivos (segunda divisão) e classificados (segunda mão) estão todos errados?

Aí vem a terça, um dia que não fede nem cheira, às vezes até rola um choppinho com os amigos, ou com alguma pequena, se você não for um ZAZ (Zero A Zero) como nós do Pantanoz. Chega a quarta-feira, dia crítico da semana, você já tá meio de saco cheio do trabalho, mas já começa a surgir uma luz no fim do túnel, uma esperança, metade já foi! Agora só falta metadinha!!

Quinta-feira já é animal, tem que rolar alguma baladeta, não precisa ser chafurdante, mas se for também não faz mal, porque amanhã é sexta!! Sim, sexta!! O dia mais esperado de toda a semana!! Você pode passar mal o dia inteiro, mas seus problemas estão perto do fim! Fim de semana!!

Tenho uma teoria sobre a semana: você sobrevive durante a semana para que possa chegar vivo ao fim-de-semana, que é quando você realmente vive. Senão pensemos de novo: quantas pessoas você já viu numa praia, mega solzão, breja gelada na mão, pé na areia, suspirarem com um sorriso estampado no rosto: "Isso que é vida!"?

Agora, quantas pessoas você já viu num escritório com ar-condicionado, aquele barulho de impressoras funcionando, telefones tocando desvairadamente, uma mão no teclado digitando alguma coisa e outra segurando o telefone, suspirarem com um sorriso de orelha a orelha: "Isso que é vida!"?
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