11.6.08

74º - hoje é um novo dia, de um novo membro...

Esses dias eu estava com uma coceira no braço que não passava. Esfregava os dedos com força, mas não adiantava. Daí tentei coçar com a unha e percebi que não fazia diferença alguma, já que vivo arrancando-as com os dentes.Então pensei, "para que me servem as unhas, senão para aliviar minha ansiedade?". Método que abomino por inúmeras razões, mas não me livro nem com esmalte de gosto amargo. Melhor seria se eu simplesmente não as tivesse, assim não seria um viciado.

Afinal de contas, por que o homem tem unha? Quando eu digo homem, é no sentido heterosexual da palavra.
Unhas não servem pra muitas coisas. Talvez para ajudar a abrir uma latinha de cerveja, espremer um cravo, tirar a parte de trás de uma figurinha do álbum da copa do mundo, arrancar casquinha de machucado, tira craca do nariz, descolar a ponta do durex...difícil lembrar de mais coisas...
E essas utilidades que eu lembrei, não necessariamente precisam da unha, até ajuda, mas sem ela não faria muita diferença.

Entretanto já conheci uns caras que encontraram utilidade melhor para as unhas, em especial para a do dedinho. Invariavelmente nessas pessoas, a unha do mindinho sempre é maior que a do resto dos dedos. Às vezes até de outra cor, preta, azul...

Veja só os cobradores de ônibus e os taxistas, eles têm a unha assim e dizem que usam para contar as notas. Já vi alguns até limpando os cantinhos da pulseira do relógio com a pontinha, que sempre é bem aparada pela lixa do inseparável cortador. Tem eletricista por aí que usa pra separar aqueles fios fininhos uns dos outros, vai entender.

Um porteiro do prédio onde moro tinha a unha assim e dizia que era para dedilhar o violão. Um bom motivo para conservá-las grande, admito. E o motivo para deixá-la preta era o charme, o estilo.Esses artistas do norte tem estilo mesmo, pelo menos todos que eu conheci trabalhando por lá. Se me lembro bem o refrão da música que ele tocava lá na Rádio Atual era:
"Ei, pega rapaix, as mina aqui da cidade já não satisfaix".

Engraçado que um outro porteiro também cultivava esse gadanho no dedinho, e dizia que era para coçar a orelha.Então perguntávamos exaustivamente, eu e os outros moleques, por que ele tinha a unha daquele jeito, e já sem paciência ele respondia:
"É pra coçar o cu, cacete! Vem aqui vem, que vou coçar o cu de vocês..." - E saíamos correndo.

Bom, o fato é que meu corpo alimenta meu próprio vício. Cada dia que passa a unha está maior para ser arrancada. Sempre se regenerando e cultivando meu mau hábito.

E você sabe porque a unha regenera e outras partes do corpo não? Pois é, nem eu.Pense só, se as partes do corpo se regenerassem em 24 horas, assim, de um dia pro outro, igual rabo de lagartixa.Se as coisas fossem assim, o Lula teria dez dedos nas mãos. Roberto Carlos poderia dançar e correr pelo palco em seus shows. E o João do Pulo então? Esse teria sido ouro nas olimpíadas!

Outro lado positivo seria que as aulas com estilete nas escolas primárias não teria alerta vermelho de perigo, podendo até substituir a famosa guerrinha de giz por rinhas de estilete. Consigo até visualizar como a "brincadeira" começaria, num simples corte no braço do amigo para retalhações desregradas.Mas em contrapartida, Encaixotando Helena não teria razão de existir, o que seria uma mutilação na arte cinematográfica.

Imagine então você, amigo, chegando em casa nessa época, dia dos namorados, tua namorada linda e saltitante, radiante louca por uma merecida e caprichada rabiscada, mas você cabisbaixo, triste:
"O que aconteceu?" - pergunta assustada.
"Sabe o que é, amor? Não sei se conseguirei hoje. Meus amigos do trabalho me pregaram uma peça, uma pegadinha de mau gosto. Me desculpe, podemos deixar pra amanhã essa nossa festinha? Porque amanhã...amanhã estarei completo de novo"...



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