15.5.07

53º - um dia do cão, outro da caça...

Andar pelas calçadas de São Paulo já foi tarefa mais fácil. Quando eu tinha por volta de 8 anos até correr por elas eu conseguia. O espaço dividido com postes, orelhões, pessoas, bancas de jornais, caixas de correio e muitas outras coisas, não fazia diferença quando eu ocupava pouco desse espaço. Depois de grande, os espaços diminuíram, tudo ficou menor, inclusive o box do banheiro onde sempre tomei banho e deslizava no sabão de um lado ao outro. As vezes até dividia o box com meu irmão apostando corrida. Hoje, a cabeça já bate no chuveiro...

Essa falta de espaço começou a me prejudicar quando comecei a ter horários para cumprir e muita pressa para cumprí-los. Já dizia o ditado da pressa e imperfeição, tão apressado e consequentemente imperfeito eu fui, que comecei a andar sem prestar atenção a tudo e subtamente escorregava em algo mole.

Este momento foi crucial para eu começar a andar muito atento ao chão, campos minados da vida urbana.

Em todos os lugares, cocô de cachorro é sempre igual e no Brasil não é diferente, uma merda literalmente. Nas ruas de Higienópolis, por exemplo, o rastro de merda se estende por todos os lados como um objeto de decoração nas calçadas. Agora, além de dividir o espaço com postes, orelhões, bancas de jornais, caixas de correio, transeuntes, ambulantes e muitas outras coisas...ainda tem essas merdas pelo caminho, sem esquecer das cheirosas merdas humanas. Graças à Deus nunca pisei numa bosta dessas.

Como o assunto aqui é fezes animal, deixemos as humanas para outro dia. Mas se interessar, o local certo para encontrá-las é o Largo do Arouche.

Os franceses também enfrentam problema semelhante. Se aqui no Brasil os bairros de classe alta são os mais afetados, na França o bicho pega, ou melhor, o bicho caga em todos os lugares. Por lá o cocô é conhecido elegantemente como "la crotte"(elegante por ser em francês, claro). 16 toneladas do puro crotte é o que recolhe a prefeitura francesa diariamente. Amigos, é bosta que não acaba mais!

Num dos episódios da série de tv do famoso polícial do futuro Robocop, ele caminha sobre um chão lamacento e por isso perde o equilíbrio. Seu computador logo percebe a dificuldade e ativa o controle de estabilidade que faz com que ele consiga andar sobre a lama com menos dificuldade. Em seu visor ocular aparecia a mensagem: estabilidade 80%, estabilidade 65%, estabilidade controlada.
Ele com certeza não apareceria num hospital vítima de alguma derrapagem fecal. Na França, ocorre por volta de 650 acidentes desse tipo ao ano. Imagine se existissem também macacos no ambiente urbano, comendo bananas pelas árvores, aí que ninguém ia parar em pé mesmo.

Há não muito tempo atrás, uma parcela da população começou a se educar e literalmente se envergonhar de ver o próprio animal cagalhão sujar as calçadas por onde todos andam. Afinal, mesmo para um dono de cachorro, pisar no cocô é desagradável.
Eles bolaram a interessante idéia de recolher os escrementos com as próprias mãos enfiadas numa sacola, o que a meu ver também é bem desagradável. Mas essa humilhação é merececida.

Um dia eu sai na rua para dar uma volta pelo parque. Não demorou muito, numa distração acabei pisando numa mina. Inacreditável, justo comigo! Levantei o pé bem devagar e a bosta escorreu caindo no chão de novo. Ô beleza!

O lugar estava lotado, muita gente viu e riu discretamente da minha situação ridícula. Aquilo me subiu o sangue de tal forma que a insanidade explodiu e fui tomado pelos dois minutos de ódio, pensei:
-É hoje!

Comecei a perseguir frenéticamente todos que levavam o peludinho para passear. Procurei os que me pareciam ser mais educados e conscientes. Acompanhei um até que seu animal começasse a defecar. Quando ele se abaixou para limpar entrei em ação, numa corrida espalhafatosa (
No melhor estilo Phoebe Buffay de correr.), passei chutando cocô por todos os lados, na cara do dono e do cão. Corri e fugi de possíveis represálias.

Procurei pela segunda vítima, uma mulher. Chão cagado. A mocinha pegou uma sacolinha e quando foi recolher a caca, não tive dó, comecei a gritar apontando:
-Que noooojo! Éeeeca.

O mais hilário; a surpresa dela foi tão grande que ficou ali imóvel por uns instantes, naquela posição ridícula de recolhedora de cocô olhando para mim sem entender nada até cair a ficha. Todos riram é claro, pimenta no dos outros é refrexco! Lépido que sou, sumi dalí. Não queria ser alvo de badalhoca canina.

Mas a idéia de algum dia estar nesta situação me sensibilizou. Passei a procurar soluções para isto, até que encontrei um invento interessante que se chama
SuperCatcher. Trata-se de um compartimento que é colocado na "cloaca do cachorro". Quando o cachorro começa a fazer, o compartimento se enche e pode ser retirado sem contato com o escremento. Após isso, é colocado numa bolsa presa ao cachorro que carrega seu próprio cocô durante o passeio. Genial!


Olha só como o Rex está mais feliz agora!


Passada a revolta inicial, dias melhores surgiram em minha vida. E como adoro estes animais, resolvi deixar essa preocupação de lado. Hoje sou uma pessoa muito mais feliz e quando ando pelas ruas as pessoas me perguntam como estou, e eu respondo:
-Ah! Tô cagando e andando!

7 comentários:

Anônimo disse...

Essa coisa de andar olhando para o chão me preocupa pq dessa forma não vejo onde os pombos estão.

Vigilante 1 disse...

Pois é... o rex agora é mais feliz... carregando seu próprio cocô, que avanço... isso sim que é felicidade, rs

Anônimo disse...

Vá cagar no mato! humpf

Anônimo disse...

Esse lance de cocô na rua é normal. Você devia se preocupar com o ensino público. rs

Anônimo disse...

q merda!!!

Anônimo disse...

Esse post realmente é uma merda !!! rsrs
mas o q liga é seguir a vida....cagando e andando rsrsrs
abraço

Anônimo disse...

Ridiicuulo !

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