28º - mugidos da salvação

"Tolinhos...muuuuuu!"

Por que não vemos mais milagres pelas ruas como antigamente? Deus não existe mais? Não sei, mas existe uma vaca!

Vaca: mamífero, artiodáctilo e ruminante. Seus chifres são em par, ocos, não ramificados e permanentes. Há tigres que pensam que vacas não tem chifres assim como eu penso que eles não tem cérebro.
Saiba mais aqui.

A Vaca (divindades se escreve com letra maiúscula) em questão ficou famosa após escapar do cercado e massagear com seus chifres as pernas de seu dono que não conseguia mais andar.
Isso aconteceu lá em Kompot, no Sul de Camboja onde o bicho já é pouco endeusado e as notícias correm rápido.

Milhares de cambojanos partiram em busca da mimosa milagrosa que cura, com suas bem servidas lambidas: reumatismo, lepra, olho de peixe, tuberculose, água no joelho, asma, trombose, cegueira e mau-olhado.

Com sua línguona preta ela percorre toda a superfície da parte afetada, e para a receita funcionar sua saliva deve ser mantida até secar.

"Isso Vaca, crie juizo na cabeça desse menino!"

Os coitados camponeses miseráveis que ganham menos de 1 dólar por dia e quase mortos de fome porém ainda vivos, levam oferendas e dão água para o animal beber e se animar. A água é expelida na forma de urina milagrosa com super poderes, é recolhida direto da fonte e bebida ou aplicada ainda quente. Uma delícia!

"Nas quatro últimas semanas, chegaram umas 20 pessoas ao dia para ver esta vaca", disse Puth Chandarith, governador da província "Inclusive eu fui vê-la ontem", completou.

Mas nem tudo são rosas, ou capim. Diariamente a Vaca tem a árdua missão de fornecer 20 litros de xixi bento, 8 litros de baba santa e 6 quilos de massa fecal mágica que são vendidos em frascos pequenos como souvenirs por seu dono, que descola um bom trocado. Sendo o mais caro e valioso, colar de lascas de casco abençoado.

É claro que, como de costume, a polícia local já descolou uma boquinha para cobrar impostos sobre o coitado do dono da Vaca com a desculpa de não deixar que ele explore os ingênuos habitantes locais, incluindo o governador.

Boa notícia para os salões de beleza, que estão lucrando muito com as lavagens e tratamento capilar com babosa iluminada da deusa Vaca.

27º - em busca do membro perdido

"Força pessoal, essa aqui ela não vai recusar..."

Eita coisa estranha, pessoas que querem muito algo e depois de conseguirem desistem de ter. Sabe aquela criança que quer muito um brinquedo e depois só brinca com a caixa? Esse é um exemplo simples, mas é óbvius que não pode ser comparado ao alvo de nossa inspiração terça-feirina.

É da crença mundial que os orientais tem pipi pequeno. O famoso "Ppinho", muito conhecido das mulheres por aquele lado de lá e de algumas de cá. A boa notícia foi que um casal conseguiu aprovação da comissão de ética do hospital local para recauchutar o "menino" do moço danificado acidentalmente. E o china entrou mesmo na faca.

Cirurgia realizada com sucesso!
Alegria geral, família feliz, mijar de pé, tampa da privada limpa, Lionel tocando alto e sexo all night long!

Tristeza e espanto foi a reação de todos quando a esposa foi pêga por uma súbita rejeição psicológica ao transplante peniano de incríveis 10 centímetros.
O chinesinho ficou triste é claro, pois a esposa não aceitava mais o pipiu que ainda em recuperação ficava ligeiramente inchado.

Mas tudo tem explicação. Imagine vocês que o homem estava há 8 meses com o bilau prejudicado e consequentemente fora do circuito nacional de pegação e felação fervorosa. Quando foi dado o sinal verde o baixinho ensandeceu-se e a primeira fácil vítima foi a esposa, coitada.

A partir daí e nos dias que se seguiram antes da decisão de abandonar o tratamento faltou ar para a esposa que não conseguia acalmar o chinesinho no vapor.

Ameaças de separação, brigas e discussões, Guns tocando alto em uma verdadeira civil war dentro de casa.

Quem aguenta uma chantagem feminina? Resultado: satisfação não garantida, devolução do dinheiro e é claro, do mini-meat. Desse eu não sei o que foi feito, se bem que eu nem quero saber...

Seria melhor para ela dizer que o pipiu se tornara amargo como brócolis, assim a ciência explicaria.

26º - post falta de tempo! - adorável canalha

"What's your name, baby?

Por Fabrício Carpinejar

É um defeito, mas nada mais delicioso do que ouvir de uma mulher: "CANALHA!"

Ser chamado de "canalha" por uma voz feminina é o domingo da língua portuguesa. O som reboa redondo. Os lábios da palavra são carnudos. Vontade de morder com os ouvidos. Aproximar-se da porta e apanhar a respiração do quarto pela fechadura.

Canalha, definitivo como um estampido, como um tapa. Não ser chamado de canalha pela maldade, mas por mérito da malícia, como virtude da insinuação, pelo atrevimento sugestivo. Não o canalha canalha, mas o ca-na-lha, sem repetição. Único. Irrepetível. Não o canalha que deixa a mulher, o canalha que permanece junto. O canalha adorável que ultrapassou o sinal vermelho para levá-la. O canalha que é rude, nunca por falta de educação, para acentuar a violência do amor. Canalha por opção, não devido a uma infelicidade e limitação intelectual. Canalha em nome da inteligência do corpo.

O canalha. Como um elogio. Um elogio para dizer que é impossível domesticar esse homem, é impossível conter, é impossível fugir dele. Canalha como pós-graduação do "sem-vergonha".

Bem diferente de crápula, que não é sensual e define o mau-caratismo indelével, ou do cafajeste, alguém que não presta nem para ser canalha, de índole egoísta e aproveitadora.

Eu me arrepio ao escutar canalha. Um canalha que significa o contrário do dicionário. Nem perca tempo consultando o Aurélio e o Houaiss, que não incluem o sentimento da pronúncia. Estou falando do canalha que suscita aproximação, abraço, desejo. Um canalha que é um pedido de casamento entre as vogais.

É pelas expressões que se define a segurança masculina. Sempre duvidei de homem que diz que vai fazer xixi. Xixi é coisa de criança. Eu não represo a gargalhada quando um amigo adulto e de vida feita comenta que vai fazer xixi. Imagino o cara sentado. Infantil, como Ivo viu a uva. Já urinar é muito laboratorial. Prefiro mijar, direto, rápido e verdadeiro. As árvores mijam. Os relâmpagos mijam. Os cachorros mijam para demarcar seu território.
Aliás, o correto é não anunciar, ir ao banheiro apenas, para evitar constrangimentos vocabulares.

Canalha funciona como uma agressão íntima. Uma agressão afetuosa. Uma provocação. Não se está concluindo, é uma pergunta. Canalha é uma interrogação gostosa.

Não ficarei triste se esquecer meu nome, chame-me de canalha.